Apesar de convivermos com um modelo que agrupa as crianças por faixa etária, é nítida a diversidade que encontramos em sala de aula.
A quantidade de alunos por professor pode ser uma dificuldade a ser enfrentada, como pode também não criar nenhum obstáculo se sua ocorrência se dá em conjunto com uma metodologia eficaz de trabalho.
Percebe-se que a classificação por idades pode trazer desconfortos para alguns, tendo em vista que sempre há uma data base e que esta certamente deixará indivíduos com idades e estágios de desenvolvimento muito semelhantes em classes diferentes.
A avaliação pode, numa mesma classe, prejudicar os menores e favorecer os maiores, se esta for elaborada tendo em vista um grupo intermediário.
Não há como conceber um trabalho de qualidade, que atinja a todos, se não elaborarmos metodologias diferenciadas às do modelo clássico.
A diversidade é e pode ser enriquecedora quando bem trabalhada. Os menores aprendem com os maiores e os maiores aprendem com os menores à medida que são colocados no processo como “ensinantes” e “ajudadores”.
Acerca do gênero, o trabalho deve ser realizado de forma a não criar estereótipos femininos e masculinos, apesar de que é natural que as meninas se agrupem e os meninos também. O ambiente escolar precisa oferecer oportunidades comuns a esses grupos.
O fato de que a maioria, senão todos, dos educadores da Educação Infantil sejam mulheres é uma situação delicada, que careceria de ser revertida, mas que não poderá – apesar de influenciar – comprometer o processo.
Em se tratando da diversidade, os “ritmos biológicos” e necessidades especiais demonstram o quão necessário é o tratamento individualizado em alguns casos, respeitando assim o ritmo e as condições de desenvolvimento de cada criança. É papel do educador, em conjunto com a família, conhecer e respeitar essas particularidades.
Quando falamos em diversidade, falamos de estilos e o professor da educação infantil vai se deparar com muitos deles em sua trajetória profissional: estilos de apego, auto-estima, tipos de ajuda, reforços e interesses.
Independente do estilo, uma palavra é a orientação maior: respeito. Devemos respeitar os diferentes estilos e todos eles precisam ser trabalhados de alguma maneira, de forma a favorecer o desenvolvimento do indivíduo.
Em se tratando de indivíduos em constante evolução, não há que se fazer rotulações. A criança pode manifestar um comportamento agressivo, mas nem por isso pode ser tachada como uma criança agressiva. Os diferentes contextos e diferentes espaços podem fazer com que essa criança se manifeste de uma ou de outra maneira.
Além disso, é preciso avaliar a nossa subjetividade na avaliação porque duas pessoas diferentes podem avaliar uma mesma criança como “incontrolável” ou “curiosa” de acordo com suas próprias concepções.
É certo que os ambientes (família, escola, círculo de amizades) favorecem manifestações distintas e, também por isso, os educadores não podem manifestar uma avaliação rígida com relação a seus alunos.
Cabe ao educador o discernimento necessário para a intervenção ou não quando alguma característica chama a sua atenção. Muito se falou até aqui sobre o respeito, mas sempre há um momento em que não é preciso respeitar e, sim, intervir, para o bem da própria criança.
Que momento é esse talvez seja resultado de uma análise profunda, difusa, principalmente da condição emocional do sujeito e das expectativas sociais com relação ao mesmo.
Há que se orientar a família também com relação ao que é esperado em cada faixa etária infantil, de forma que não se criem expectativas distantes de serem alcançadas, gerando assim cobranças desnecessárias e frustrações.
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