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Como nasce o paladar




A Rede Pedagógica repostou nesta segunda, 14 de dezembro, o seguinte tweet (1):



Muitos seguidores da Rede no Instagram criticaram o tweet. A seguidora @natdaguia comentou: "Dei ao meu filho tudo em casa. E mesmo assim, hoje com 3 anos de idade ele não come nada. Totalmente Seletivo."


Já a seguidora @candicepmcorrea contou que pensava como a autora do tweet até nascer seu filho. "Ele é muito seletivo e quando não gosta de algo, ele vomita. Então acabo não insistindo.


Para a seguidora @livia_p_nunes, "na teoria é lindo, mas não prática não é bem assim não. Que tipo de criação é essa, em que a criança não podem nem deixar de comer o que não gosta?"


A seguidora @jmosqueiro lembrou o caso das crianças com autismo, extremamente seletivas com alimentos, e ainda as crianças alérgicas, entre outras condições específicas, que acabam interferindo com os hábitos alimentares dos pequenos.


Pesquisas recentes (2) demonstram que, de modo geral, preferências e aversões relativas a alimentos têm raízes na genética, mas que experiências na gestação e especialmente na primeira infância podem modificar as tendências inatas do comportamento alimentar dos pequenos.


Portanto, é muito importante que se ensine à criança desde bem pequena hábitos de alimentação saudável, respeitadas as peculiaridades de cada criança e os estágios de seu desenvolvimento.


O paladar da criança começa a ser formado no útero e recebe influência dos gostos da mamãe. Em um experimento, descobriu-se que os filhos de mães que tomavam suco de cenoura no último trimestre de gestação apreciavam mais cereais com sabor de cenoura que os filhos de mulheres que não tomavam a bebida (ibid.).


O feto começa a ser sentir o gosto dos alimentos por volta da décima segunda semana de vida intrauterina. No final da gestação, o semblante do nascituro se altera de acordo com o sabor do líquido amniótico, que o protege e alimenta.


Estudos provaram que crianças amamentadas no peito são proporcionalmente mais receptivas a peras que as demais. Além disso, os hábitos alimentares das mães no período de lactação também influenciam o paladar da criança. Se a lactante ingere muitas frutas, as crianças tendem a gostar mais desse tipo de alimento.


O nascituro e o recém-nascido em geral têm preferência por sabores doces, associados com o prazer e com a segurança. Alimentos salgados também são bem recebidos, porque se relacionam com proteínas e sais minerais, com forte presença no líquido amniótico.


Por outro lado, normalmente apresentam aversão a sabores amargos, que são identificados como substâncias tóxicas, que podem fazer mal à saúde, e aos sabores ácidos, que podem indicar que o alimento está estragado.


Com o tempo, a capacidade crítica da criança se desenvolve, de maneira que aprende que nem tudo que é doce ou salgado é bom e que nem tudo que é amargo ou ácido é ruim. Aos poucos o paladar da criança fica mais refinado.


Espera-se que na fase adulta, o indivíduo alcance um grau elevado de refinamento de paladar, que o permita a fazer uma seleção mais sofisticada e até mais saudável dos alimentos.


Portanto, existe sim o paladar infantil, e a obesidade e outros males alimentares que hoje assolam bilhões de pessoas no mundo se explicam por fatores genéticos, mas também por transmissão de comportamentos inadequados de mão para filho ou filha e por falta de educação alimentar apropriada especialmente nos primeiros anos de vida da crianças.


logo cedo devido às preferências em manter relação com a segurança. O sabor salgado remete à presença de proteínas e minerais, de grande importância para o organismo. Já os sabores amargos mantêm relação com substâncias tóxicas, advertindo seu consumo e, ainda, o sabor ácido pode indicar que o alimento está estragado.


Edvaldo Fernandes da Silva

Pós-Doutorando em Ciência Política, Doutor em Sociologia, Mestre em Ciência Política, jornalista, advogado, professor de Educação Básica (1991-1996), professor universitário e cofundador da Rede Pedagógica.


(1) Postagem curta em mídia social, especialmente no Twitter.

(2) BEAUCHAMP, G. K.; MENELLA, J. A.. Flavor perception in human infants: development and functional significance. Digestion, 83 Suppl 1(Suppl 1), 1–6., 2011. https://doi.org/10.1159/000323397. Disponível em https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3202923/. Acesso em 15 dez. 2020.

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