A palavra “letramento”, a partir da década de 80, passou a ser bastante utilizada para conceituar o processo de alfabetização de forma mais completa, sistêmica, o aprendizado da língua portuguesa, da leitura e da escrita, numa abordagem crítica. Refere-se a um modelo de alfabetização para além do simples be-a-bá, que faça sentido para o aluno, por assim dizer.
Uma das diretrizes descritas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é o letramento matemático.
Nesse mesmo sentido, o letramento matemático propõe o ensino e a aprendizagem da matemática para além de conceitos, operações básicas e resolução de problemas (quase sempre desconexos com a realidade).
Joãozinho ganhou 50 brigadeiros. Comeu 20. Joãozinho ficou com?
(Certamente Joãozinho ficou com dor de barriga, se é que me entendem...)
Nessa perspectiva, mais abrangente, o letramento matemático oportuniza ao aluno compreender o papel da Matemática no mundo moderno, de forma cidadã, crítica, para atendimento às suas necessidades e para a resolução de problemas aplicáveis à sua realidade.
De acordo com a própria BNCC, o letramento matemático é definido como as competências e habilidades de raciocinar, representar, comunicar e argumentar matematicamente, de modo a favorecer o estabelecimento de conjecturas, a formulação e a resolução de problemas em uma variedade de contextos, utilizando conceitos, procedimentos, fatos e ferramentas matemáticas.
Surge também, nessa perspectiva, o conceito de “sujeito matematicamente letrado” que é o estudante capaz de utilizar ideias matemáticas como uma lente para a leitura do mundo à sua volta.
O letramento matemático possibilita aos estudantes tanto o uso utilitário dos conhecimentos matemáticos como também a reflexão matemática com fim em si mesma – que também é importante para o desenvolvimento de raciocínios mais complexos.
“Letramento matemático” pode até soar diferente para alguns professores, mas essa perspectiva de trabalho não é novidade em sala de aula, muito pelo contrário.
Desde os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) já era proposto um ensino da matemática mais aplicável ao cotidiano. Falava-se em “alfabetização matemática”, por exemplo, ou “numeramento”, ou ainda “numeracia”.
O letramento matemático está ancorado numa perspectiva reflexiva quando da interação com o objeto de conhecimento. Esse processo inicia-se na Educação Infantil, sempre priorizando os eixos de interesse da criança, a utilização de jogos, brincadeiras e até a contação de histórias.
“Contar até dez” é até bonitinho e agrada a maioria dos pais e responsáveis pelos alunos, mas não pode ser um aprendizado sem propósito. Muitas das vezes, a criança não conhece a simples relação entre numeral e número, o algarismo e a quantidade, e tão apenas "repete" aquilo que assimila sem compreender.
Existem diversos processos mentais que sustentam a estrutura cognitiva da criança e cada um desses processos devem ser trabalhados de forma concreta para o alcance dos objetivos esperados para cada etapa.
Desenvolver o senso espacial e numérico do aprendiz, por exemplo, é como alicerçar os seus aprendizados futuros. É possibilitar os processos de assimilação e acomodação próprios do seu desenvolvimento para que ele venha a ser submetido a informações mais complexas e possa obter êxito na apropriação desses conhecimentos.
Se você deseja receber maiores informações sobre esse assunto, fique ligado(a) na Rede Pedagógica e cadastre-se aqui para receber conteúdos GRATUITOS diretamente em seu e-mail.
Erika Radespiel
Graduada em Administração de Empresas pelo Centro Universitário de Brasília (2007). Graduada em Pedagogia pela Universidade de Brasília (2013). Pós Graduada em Educação pela Faculdade Pitágoras (2014). Escritora de materiais pedagógicos para Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental. Consultora pedagógica da Rede. Educadora ambiental responsável pela elaboração e desenvolvimento de Programas e Projetos de Educação Ambiental na Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal – Caesb.
Comments